O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 11 de abril de 2021

"VOZES DO PENSAMENTO" e o "25 de Abril", por Isabel Rosete

 
Minhas Senhoras e meus Senhores,
Desculpem a minha ignorância: iremos comemorar que/qual "25 de Abril", face ao estado nacional vigente?
- Os discursos demagógicos repetidos, ano após ano?; - as paradas militares sempre iguais a si mesmas, tais como as pompas e as circunstâncias?; - a farsa da "Democracia"?; A erosão da “ Democracia”?; - a injustiça dos mega-processos-crime mediáticos?; - a desigualdade abissal entre as classes sociais?; - a pobreza dos muitos pobres e a riqueza dos poucos ricos?; - o desemprego crescente?; - a retirada dos direitos dos que trabalham, depois de terem sido adquiridos?; - a crise sanitária, económica, social, cultural e educacional?; - os cravos já murchos e sem cor?; - as recordações das promessas não cumpridas?; - o declínio visível do Povo português?; - a ausência da noção de "Pátria" que não é "Mátria"?
Se assim for, eu não comemorarei o "25 de Abril"! Não nos alimentados nem crescemos à sombra de símbolos!
Isabel Rosete

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Native People and the Environment / Os Povos Nativos e o Ambiente





“Por todo o mundo, são as comunidades indígenas que nos estão a tentar conter: primeiras nações no Canadá, povos indígenas na Bolívia, aborígines na Austrália, povos tribais na Índia. É extraordinário que em todo o mundo sejam aqueles que chamamos "primitivos" que estejam a tentar salvar aqueles de nós que chamamos "esclarecidos" do desastre total"

"All over the world, it’s the Indigenous communities trying to hold us back: First Nations in Canada, Indigenous people in Bolivia, Aborigines in Australia, tribal people in India. It’s phenomenal all over the world that those who we call ‘primitive’ are trying to save those of us who we call ‘enlightened’ from total disaster"

~ Noam Chomsky

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Restos de Colecção: Contacto do Autor do Blog

Uma fonte importante de informação da nossa história recente.  Obrigado! Edmundo Dos Santos Figueiredo

Restos de Colecção: Contacto do Autor do Blog:                                                 Autor:   José Leite e-mail:   jal2684@gmail.com e também ...     ...

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Ensaio: "DESTINO E MORTE DAS PALAVRAS EM VERGÍLIO FERREIRA", por Isabel Rosete 
«Quando nos referimos a este homem de Melo, de ar calmo, absolutamente sereno, olhando para o Mundo ao mesmo tempo que observa o interior de si-mesmo, jamais poderemos deixar de o mostrar como uma excepção: no seio da Literatura Portuguesa assumiu a difícil e ingrata vocação de denunciar a morte da palavra, a arte do homem no pensamento contemporâneo. Remou contra a maré como os profetas. A sua voz isolada - apesar do anúncio da morte de Deus e da morte do Homem - não se olvidou de afirmar o valor do ser humano e a grandeza das suas manifestações, erguendo, no entanto e sempre, a dúvida, postura que o tornou particularmente incómodo entre os intelectuais portugueses.(...)
Isabel Rosete

http://birdmagazine.blogspot.pt/2016/10/destino-e-morte-das-palavras-em.html

terça-feira, 11 de outubro de 2016

BIRD Magazine: DO RUÍDO E DO SILÊNCIO, por Isabel Rosete

BIRD Magazine: DO RUÍDO E DO SILÊNCIO: «Ah, o silêncio torna-se ainda mais profundo, e uma vez mais o meu coração se dilata; espanta-se com a verdade nova, ele próprio fica sem ...

terça-feira, 30 de agosto de 2016

terça-feira, 23 de agosto de 2016

"DA ARTE E DO ARTISTA", por Isabel Rosete



«AS VOZES DA FILOSOFIA E DA POESIA, DAS ARTES, AS MINHAS E AS DE ALGUNS OUTROS (poucos, infelizmente), NUNCA SE CALAM! SEMPRE DIZEM A VERDADE/REALIDADE QUE, À SUPOSTA NORMALIDADE E AO DITO POLITICAMENTE CORRECTO, NÃO CONVÉM.
VIVA A "ANORMALIDADE"! VIVA A SAUDÁVEL "LOUCURA" DA RAZÃO DESPERTA!»
Isabel Rosete

segunda-feira, 18 de julho de 2016

domingo, 24 de abril de 2016

Isabel Rosete, livro "FLUXOS DA MEMÓRIA", de Isabel Rosete



1. Debato-me contra as chamadas mesas de honra nos eventos de lançamento de livros de Poesia/Filosofia:
- O PÚBLICO é a GRANDE HONRA!
- A POESIA/FILOSOFIA são a GRANDE HONRA!;
2. Não sei escrever livros. COMPONHO LIVROS! Aqui mostro como os componho, desvelando a minha AUTO-BIOGRAFIA (em memória dos meus pais) e o nascimento do meu semi-heterónimo, IR;
3. Este meu livro, "FLUXOS DA MEMÓRIA", é um tratado de/sobre a Poesia, e uma obra PESSOANA:
- Em HOMENAGEM/LOUVOR a FERNANDO PESSOA(S) DESMITIFICADO, em particular a ÁLVARO DE CAMPOS e a BERNARDO SOARES ("LIVRO DO DESASSOSSEGO");
4. Este meu livro, "FLUXOS DA MEMÓRIA", é a CELEBRAÇÃO/AGRADECIMENTO a todos os meus MUSOS inspiradores da POESIA, da FILOSOFIA, da LITERATURA e da PINTURA:
- Para além de Pessoa(s)/Campos, JORGE DE SENA, ALMADA NEGREIROS, NATÁLIA CORREIA, SARAMAGO, RILKE, HOLDERLIN, PAUL CELAN, HEIDEGGER, KANT, PASCOAES, EDUARDO LOURENÇO, VAN GOGH, PAUL KLEE (...).
Saudações filosófico-poéticas,
Isabel Rosete & IR

sábado, 23 de abril de 2016

Isabel Rosete e Fluxos da Memória



1. Drª Danuia Pereira Leite
apresentando-me como pessoa, como profissional da Filosofia e da
Poesia, entre- Culturas, face ao conteúdo manifesto deste meu/quiçá
vosso livro "FLUXOS DA MEMÓRIA", no seu segundo lançamento, no Instituto
de Ciências do Som e Bioterapias, da qual é Presidente e pela qual
recebi este gentil convite;

2. Rosete Cansado
apresentando-me como pessoa, como amiga, mana e como profissional
destas áreas, em coligação com as nossas almas (gemias) pensantes e de emoções autênticas;
3. Carolina Martins lendo um dos poemas desta obra, manifestando o amor que nos nutre e a Filosofia que nos aproxima;

4. Revelando-me contra a falta de honestidade intelectual, contra as
fraudes/ausência de transparência da TV ("5 Para a Meia Noite", Marta
Crawford, RTP1), contra a hipocrisia, as máscaras, em nome da Verdade e
da Justiça, as quais devem sempre imperar, seja qual for o preço a
pagar, em nome da Identidade genuína. Declamando, igualmente, alguns dos
meu poemas sobre estas temáticas;
5. Uma "declaração de amor" do Professor Doutor José Zaluar
face à minha poesia/filosofia, que também diz NÃO, comparando-me com
Natalia Correia (que grande responsabilidade que carrego com muita
satisfação), uma das minhas Musas.
Bem-hajam pelas vossas intervenções, meus queridos amigos/leitores, por tanto carinho, por tanto me fazerem sentir lisonjeados!
Isabel Rosete

Isabel Rosete

Eu, Isabel Rosete, apresentando o meu livro "FLUXOS DA MEMÓRIA" no Instituto de Ciência do Som e Bioterapias - Lisboa, 16/04/2016 - a convite da Drª Danuia Pereira Leite​, a quem muito agradeço, assim como a todos os presentes neste evento e a todos os visualizadores deste vídeo realizado pelo Dr. Jorge Rosa​.
Saudações filosófico-poéticas,
Isabel Rosete


segunda-feira, 4 de abril de 2016

terça-feira, 8 de outubro de 2013

MOMENTO

ajo
como um asno

teimo
dão-me porrada
pasmo

na impossibilidade
animal
de me vingar
ou defender

arreganho os dentes

com sarcasmo

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 DE SETEMBRO - SE BEM ME LEMBRO

SE BEM ME LEMBRO
EM 73 NO CHILE
HOUVE UM ONZE DE SETEMBRO

NÃO SÓ NO CHILE
EM TODO O MUNDO DESDE SEMPRE
HOUVE E CONTINUARÁ A HAVER
ONZES DE SETEMBRO
E VINTE E CINCOS DE ABRIL

MAS ESTE NO CHILE
EU BEM ME LEMBRO
ROUBOU-NOS DOIS POETAS
DE QUE EU GOSTAVA MUITO
:
PABLO NERUDA E SALVADOR ALLENDE

VOLVIDOS VINTE E OITO ANOS
- TUDO SE REPETE - POUCO OU NADA MUDA
EM NOVA YORK CAEM DUAS TORRES

QUEM SABE PARA VINGAR AS MORTES
DE SALVADOR ALLENDE
E PABLO NERUDA

SE BEM ME LEMBRO
DITAS GÉMEAS
RECONHECIDAMENTE
AS MAIS RICAS DO MUNDO

CONTUDO

SE MUITA GENTE AINDA HOJE CHORA
O ONZE DE SETEMBRO DE NOVA VORK
COMO UM DIA TRISTE, DESUMANO - VIL


SE BEM ME LEMBRO
A HUMANIDADE O QUE MAIS DEPLORA
É O NEGRO ONZE DE SETEMBRO
QUE EM 73
PARA TODO O SEMPRE
ENLUTOU O CHILE

terça-feira, 13 de agosto de 2013

IDIOSSINCRASIA 

se fossemos na realidade exasperantemente sornas
lentos

em vez de alentejanos
já seríamos conhecidos por 

apenas LENTEJANOS

- não consta que assim seja


vivemos ao ritmo
de tudo quanto é bom

na VIDA

à semelhança
de nossos irmãos ciganos

terça-feira, 6 de agosto de 2013

FRAMBOESAS


que tu cultivas
e adoras
-sofisticadas
ricas

primas das rústicas
amoras

negras
luzidias

como a cor
dos teus olhos

quando finges
que choras

terça-feira, 30 de julho de 2013

GRANDES SÓ A MINHA ALDEIA
E EU

vivo no campo
- a 2 quilómetros da Aldeia 

da minha Aldeia 

a 7 da Vila
a 20 da Cidade
vivo a não mais de 150
quilómetros de Lisboa

- que é a capital de Portugal

como o Mundo é pequeno
- acabo de confirmar:
não mais de 200 países como Portugal

a despeito da China e da Índia
e da Rússia
e dos Estados Unidos da América
- não mais de 200 países como Portugal

há quem já os tenha percorrido a todos
dado a volta ao Mundo

onde cabem estes 200 países
é aquilo a que chamamos
World
Earth (?)
Monde

Mundo

uma frágil bolinha de sabão
pronta a esvair-se
ao menor grão de areia
que lhe surja no percurso

já Universo é coisa bem maior

é noite
-paro o carro junto à casa onde moro
como sempre virado para Norte

à minha frente a Ursa maior
um pouco à direita
à minha mão direita
a menos de um metro de distância
a simpática W/Cassiopeia

atrás de mim - nem preciso olhar para saber -
um extenso ligeiramente encurvado rabo-de-gato - a nossa Via Látea-

com ninguém sabe quantos milhões de estrelas como o Sol
não sei quantos milhares de milhões
de planetas
como este nosso a que chamamos Mundo

ainda à direita - e mais alto do que o binómio
Ursa Maior-Cassiopeia
o caracol de Pastelaria
a que em boa hora deram o nome de
Andrómeda

que eu já vi
duas ou três vezes
enrolada na sua bela pequenez

sem sair do carro
penso em como tudo isto é belo
e ridiculamente pequeno apesar de tudo

não há Lua
Marte fulge
por cima da cumieira do Monte

abro a porta do carro
saio

viro-me rigorosamente para Norte
sou intransigento nisso

abro o fecho-eclaire das calças

esboço um sorriso

mijo

segunda-feira, 29 de julho de 2013

MERCANTILISMO

formado nos "Mercados"
e nas Feiras

depois dos Submarinos
Portas apostava agora
nos
Torpedos

tem razão o homem
:
não há uns sem outros

como de nada servem
mãos
que não tenham

dedos

sexta-feira, 26 de julho de 2013

FISCALIDADE


que impostos
não estariam ainda pagando
Reis

Caeiro

Soares

Campos

à conta de Fernando

domingo, 21 de julho de 2013

ERAM SEMPRE NOVE À HORA DA COMIDA

sete fêmeas e dois machos

- elas, duas brancas
três tartarugas
uma indefinida e uma preta

eles, machos,
um amarelo tigrado
o outro - pardo

dos machos
com o andar do tempo
veio um branco não sei de onde
que após muita porrada
expulsou em definitivo
o pardo
e o amarelo

passaram
a ser só oito à hora da comida

só oito
até que uma das tartarugas deu à luz
3 amarelos

outra tartaruga
pariu 4 brancos - com as extremidades amarelas
- um dos quais desapareceu
nas múltiplas mudanças
a que a mãe os sujeitou

a preta pariu três
-cada um de sua cor - um preto
um branco
um amarelo

há ainda uma tartaruga
e uma branca por parir

de qualquer modo
são agora 9
mais 9 além dos nove iniciais
(8 desde que o branco chegou
e expulsou o pardo e o
amarelo)

são agora portanto
- para mal de meus
orçamento e vida -

17 gatos
à hora
da comida


quarta-feira, 17 de julho de 2013

APONTAMENTO URBANO
(no Jardim das Canas)


o cão
sobre a relva

cheira o pé
da árvore

alça a perna
e mija

assina a sua tela
que se chama

TARDE

segunda-feira, 8 de julho de 2013

POEMA DE AMOR EM TARDE QUENTE


teu corpo
códice dourado
escrito em braille

que aprenderei a ler

sem vírgula que escape

sem verbo
que atrapalhe

domingo, 7 de julho de 2013

gosto

gosto do teu abraço
gosto do teu sorriso
gosto quando lês em voz alta
gosto quando falas de história
gosto quando me dás a ler 
gosto quando me levas ao cinema
gosto quando te irritas
gosto quando me dizes não
gosto de ver o tejo contigo
gosto do que não gosto 
gosto da tua impaciência
gosto da tua generosidade
gosto da tua resistência
gosto da tua janela florida
gosto dos teus livros espalhados
gosto da tua musica
gosto da tua mão nos meus ombros
gosto do teu beijo na minha testa
gosto de ti assim
como és

sábado, 6 de julho de 2013

lagartos ao sol

Um grupo de restaurantes vazios decoram a praia urbana. Uma família numerosa de prédios com varandas fechadas e parques de campismos com roulotes instaladas há anos completam o cenário.
As mercearias concorrem derrotadas com os mini-mercados.
Um casal cuja faixa etária parece-se com a minha, pergunta:
- Os bancos estão abertos aos sábados?
Responde o merceeiro
- Só em Paris...
Na Costa da Caparica, há brasileiros e portugueses, velhos e jovens, brancos e pretos, gordos e magros e gordos de novo. Um hamburguer ao modo Mc Donald's custa menos de 2€.
A caminho da praia encontro Rosa com a família. Chapéus de sol, sacos com comida e bebidas tornam a bagagem do fato de banho pesada.
É com esforço que damos um abraço, as nossas mochilas atrapalham. Resignadas sorrimos.
- Como estás? Há tempo tempo! Não envelheces...
- Nem tu!
Ambas sabemos que mentimos. Do meu lado intactas restam as sardas, do lado de Rosa, os mesmos ombros magros contrastam agora com a gordura acumulada nas ancas.
- Mas como estás?
- Desempregada...
- Mas fora isto, está tudo bem?
...
O nosso olhar vagueia. Pede um mergulho. O mar está povoado de banhistas como se fossem peixes - na rede boa presa.

Na areia - lagartos ao sol.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

desejo

redondo, quase sem forma, viaja do pescoço ao dorso
ganha ânimo na despedida, quando no ventre faz ninho
roubando ao tempo o que tempo não dá
é assim o desejo que teimoso regressa
tempestade serena que a vontade alimenta
euforia que se escapa, foge e acorda
até que com ele a morte case.

terça-feira, 2 de julho de 2013

alentejo II

é teu
o sabor que 
me embriaga
encontra amor
meu corpo
no teu

alentejo

Pedi ao céu que não
e fico nua
Febril em mim, habitas
Antes,
a antiga sorte
da tua ausência.
Agora sem ti
sou tua

domingo, 30 de junho de 2013

E se

Na sala da nossa casa na Leôncio de Magalhães, em São Paulo, as mãos dos meus irmãos abriam-se para receber o pó que nos fazia voar.
- Vamos viajar os três! Basta-nos sentir os pés nas nuvens e cheirar o ar do céu...
De braços abertos percorríamos a sala e o chão deixava de existir. 
E se, o Tejo fosse a água que separa Niteroi da Guanabara...
E se, era semear em terra fértil.

“– «Eu sou aquele oculto e grande Cabo
A quem chamais vós outros Tormentório,
Que nunca a Ptolomeu, Pompónio, Estrabo,
Plínio e quantos passaram fui notório.
Aqui toda a Africana costa acabo
Neste meu nunca visto Promontório,
Que para o Pólo Antártico se estende,
A quem vossa ousadia tanto ofende. (...)” *


A vida desperta em cada instante, no Cabo das Tormentas a Boa Esperança.
E se, a vida fosse este ar puro, que por vezes inspiro em cada beijo, e nutre o meu desejo de atravessar o cabo para poder respirar?

Em cada uma das nossas mãos, liberdade. Descansávamos nas estrelas e de lá o mundo nos parecia pequeno.
Na dor que nos separava, um lamento pequeno a pedia-nos coragem.

E se a vida fosse
a Boa Esperança
Tormenta que apazigua
Vida

Vamos viajar - os três, de ocidente a oriente. Querida irmã tu serás a princesa e nós os guerreiros que defendem o teu reino. Recolhe as asas na tempestade, abre-as ao sabor do vento.

E se,
Esta é a parte que falta
acende a vida
alimenta a serenidade
vontade que tenho
e não tenho
meus dedos que tocam e fogem
o corpo que se contrai,
pede e recusa
enredo sublime
que reinventa a vida
A quem a minha ousadia tanto ofende

Na Leôncio de Magalhães, éramos três a crescer. Na casa vizinha um cão morria de tristeza pela morte do dono. O comboio no final da rua ditava as meias-horas. A Nair esticava a carapinha nos sábados. Nossa mãe tocava piano. Nosso pai, escrevia.

Na segunda metade de vida, contornámos o cabo.


E se, outra vida houver estaremos nela inteiros.
Com asas, sem medo de voar.


* Canto V - estancia 50 - Lusíadas - Camões