O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Depois

Só a ti chego depois das tempestades
Bebo o teu sopro de vida
Respirando o perfume de laranjas em flor
Aqui fico para que me embales
matando-me a dor
junto ao teu peito

Solta-me o laço marcado
dobrado pelo tempo de não te ver
Quero-te desenrolar sobre o meu corpo
sobrado da saudade
do teu amor

Cobre-me de linho
Unta-me com flores
Fala-me de longe
Um mar de areia fina
e a tua cor

Juntam-se os azuis
Num céu de amarelos
Conchas vermelhas
E um cavalo castanho

Sabes do que eu falo
Guardamos segredos
Canto cá do alto
Voltamos a ver-nos
Juntos caminhamos
Sem nunca perdermos
A mão que nos junta
tem mil e um dedos

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonito !