O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Invocação / Invocation

A Ti, Imperiosa
Pura Saudade de antes de nascer
Que a tudo alças, jubilosa
Mais longe e fundo que o ser

A Ti, Flamejante
Que nos velas na noite do que existe
E te ergues, rutilante
A remir nossa alegria triste

A Ti, Ninguém
Que boca a boca me abrasas
E o sopro, incandescente
Me inflama o coração em asas

Aqui agora te invoco
Ó Mãe, Irmã, Esposa
Perfeita Amante,
Por que teu silêncio em fogo
Vida e mundo suspenda
Do verbo que iluminado te cante !

(in Paulo Borges, Línguas de Fogo)

INVOCATION
(traduction provisoire)

A Toi, Impérieuse
Pur Languir de l’avant-naître
Et qui tout élèves, ô jubilation glorieuse,
A hauteur et profondeur plus vastes que l’être

A Toi, Flamboyante
Qui nous veilles dans la nuit de ce qui existe
Et t’ériges, étincelante,
En rédemptrice de notre joie triste

A Toi, Personne
Qui bouche à bouche m’embrases
Et le souffle, incandescent
M’enflamme le cœur soudain tout ailes

Ici maintenant je T’invoque
O Mère, Sœur, Epouse
Parfaite Amante,
Pour que ton silence en feu
Suspende vie et monde
Du verbe qui, illuminé, Te chante !


Traduction : Emmanuel Gatete
Lisboa, 28 et 30 /12/07

INVOCATION
(version, peut-être, définitive)

A Toi, Impérieuse
Pur Languir de l’avant-naître
Et qui tout élèves, ô jubilation glorieuse,
A hauteur et profondeur plus vastes que l’être

A Toi, Flamboyante
Qui nous veilles dans la nuit de ce qui existe
Et t’ériges, étincelante,
En rédemptrice de notre joie triste

A Toi, Personne
Qui bouche à bouche m’embrases
Et le souffle, incandescent, m’enflamme
Le cœur soudain tout ailes

Ici maintenant je T’invoque, Ô Mère,
Sœur, Epouse, Parfaite Amante,
Afin que ton silence de feu suspende
Vie et monde du verbe
Qui, illuminé, Te chante

Trad : Emmanuel Gatete
Lisboa, 28 et 30 /12/07 , 1/1/08

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