O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

O Paraíso

Foi feita, neste blogue, uma pergunta: o que é a mente? Era suposto que começássemos, a partir daí, mas não necessariamente sempre, a investigar o que é a mente. Eu não sei o que é a mente. Vinha no caminho para casa a pensar acerca da mente, e vinha com algo que esqueci, que tem a ver com ser intuitivo, para cada um, o que é a mente, e que afinal não esqueci, que são todas aquelas operações de pensamento que fazemos, tudo o que consciencializamos, reparamos, fazemos, tudo isso é mente ou oriundo da mente. Sim, há ou parecem haver corpos, e não sabemos se as mentes estão nos corpos, se estes nas mentes - o que parece mais estranho -, bem como muitas outras perguntas: viverei para sempre? Viverei depois da morte? Perguntas muito mais pertinentes do que "o que é a mente?", muito mais pujantes. Perguntar por o que é a mente parece ser perguntar por uma evidência, na medida em que esta é altamente intuitiva para quem tem ou é uma mente, nem que em parte. Mas qual a natureza da mente? Eis uma pergunta altamente interessante, por perguntarmos se há a possibilidade de existirmos antes ou depois da vida em consciência; e isso porque temos a supor que os corpos datam de entre os nascimentos e mortes das pessoas, aparentemente incluídos. Se há algo imortal, é a mente, porque consideramos, normalmente, que somos corpo e mente, nada mais. Mas há interesse numa eternidade? Há, se desejada, uma eternidade boa - quem quer arder no Inferno? O Inferno é a possibilidade de uma eternidade má, seja ela como for. Muito mais, o Inferno é tido, se virmos bem as coisas, como o Mal Absoluto. Tudo o que for mau, se acontecer na eternidade, acontece no Inferno. O Paraíso, por sua vez, é um lugar Absolutamente Bom.

3 comentários:

Anónimo disse...

O Inferno é esta realidade onde nos encontramos agora, esta do planeta Terra, mas podemos transformá-lo o mais parecido possível ao Paraíso...

Paulo Borges disse...

Como é que há perguntas mais pertinentes do que "o que é a mente ?", se é isso a que se chama mente que põe perguntas e que concebe haver alguém que vive e morre ?

afhahqh disse...

Paulo Borges: Tem razão, a única achega que no fundo fiz foi acrescentar que a pergunta "o que é a mente?", para ser importante, tem de ser idêntica à pergunta "o que é a natureza da mente?", mas que há outras perguntas que penso tão ou mais importantes, pujantes, como se vivemos desde sempre e para sempre... Que a senda continue!