O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 24 de fevereiro de 2008

Sobre o amor e as paixões

Sobre o amor e as paixões. Haverá diferenças? Compreendo o que é uma paixão momentânea, um fogo que se extingue num ápice, ao contrário do amor, que dura e, inclusivamente, nos responsabiliza perante o amado, porquanto assim nos sentimos. Mas não será o amor uma forma de apego?

Julgo que aprendo bastante com o meu cão, que amo profundamente, sentindo, de momento, uma enorme tristeza por não poder estar com ele, mais do que alguma vez senti por alguém. Posso estar a dizer uma enorme heresia, um absurdo, mas amo o meu cão mais do que amo a maioria das pessoas; a questão, que queria focar neste post, é que me sinto bastante apegado a ele, tal como penso que ele, que julgo amar-me, se sente.

Penso que o amor, apaixonado e duradouro, gera um forte apego e sofrimento, porquanto sentimos saudade quando estamos longe do amado. A própria saudade é sinal de apego. Mas, por causar apego e sofrimento, poderemos dizer que o amor é mau? Não, tal seria um absurdo ainda maior do que afirmar que estou apaixonado por um cão, esse ser tão especial. Afinal, é o amor que faz a vida valer a pena. Penso que não há palavras que o descrevam adequadamente.

5 comentários:

Anónimo disse...

Amor era dares o teu cão a alguém que o amasse mais do que tu e que ele amasse mais do que a ti... Se não estás pronto para fazer isso, o que tens é apego. Topas ?
Muita paz.

Anónimo disse...

o nulo tá lá.

Ana Margarida Esteves disse...

Nao so o cao, mas as vezes os nossos proprios amantes.

afhahqh disse...

Nulo: teria sempre medo de o dar a alguém desconhecido exactamente por medo de que o não amassem ou maltratassem; assim, está em casa da minha avó, com companhia a cada momento do dia e com uma casa maior e com quintal, para além de que passeia junto aos campos, no Alentejo... portanto, de certa forma, fiz o que disseste, em vez de o deixar o dia todo fechado numa casa vazia em Lisboa.

Um abraço.

Anónimo disse...

Anónimo
Mais uma vez se entende que os animais domésticos são uma companhia insubstituível.
Que sente o cão pelo seu dono? não só dedicação, companheirismo mas também falta algo ao animal,
Um não sei o quê...
Que o dono lhes dá.
O meu cão escolheu-me a mim como sua dona não ao resto da minha família. Porque será?
É um cão muito turbulento, mas pacifica-se quando está ao pé de mim.