O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 16 de março de 2008

Manchester, Inglaterra

O vento das fabricas mortas torna presente na alma o que parece ausente aos olhos da carne:

Os urros de dor de todas as almas castradas pela razao predadora que governa o mundo.

Velha Albion, gasta pela tua corrida sem fim na Roda da Fortuna ... Que julgavas ser um caminho recto que te levaria ao Santo Graal, mas acabou aprisionando-te num circulo que se estreita cada vez mais na tua garganta ...

Tu que tantas vezes olhas para nos com desdem, levanta os teus olhos cansados: Nao estaremos a espera do mesmo Encoberto?

Nao seria D. Sebastiao o teu velho Artur rejuvenescido pelas brisas do sul e o amor das Tagides?

Nao serao as chuvas do teu ceu as lagrimas de um coracao que se calou a si mesmo para sobreviver a ilusao do real?

1 comentário:

luizaDunas disse...

Ana,

Ontem li o teu post e não percebi bem o que dizias. E hoje vim lê-lo outra vez. Pois é, estás em Inglaterra... essa terra insular apela a entrarmos na Bruma ainda que não estejamos à altura. Chamou-me a atenção o teres referido o Rei Artur e o nosso Rei Sebastião como um só. Proporcionou-me sentir melhor o teu estado de espírito.