O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 7 de abril de 2008

John Cage - sons, música e o silêncio



"The first question I ask myself when something doesn't seem to be beautiful is why do I think it's not beautiful. And very shortly you discover that there is no reason." --John Cage.

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Muito interessante. Tudo o que é grande é insignificante, não significa nada.

luizaDunas disse...

Que emocionante. O som de fundo da entrevista fez-me lembrar o silêncio que me atravessa cada vez que estou no Rossio, ou quando ele passa por mim. O som dos carros não o ouço a maior parte das vezes, aliás, não ouço nada. E quando me surpreendem as cores e os gestos e o movimento é que paro para contemplar o silêncio, que nesta altura se preenche de vozes humanas, de pássaros, de sons do trânsito e tantos outros irreconhecíveis, portas que se abrem, passos nas escadas, sacos com compras, cigarros que se acendem, livros que se folheiam, eléctricos que passam ao fundo na Arsenal, barcos que navegam no Rio, apitos, assobios, olhares nas vitrines, moedas que caem, chaves que se guardam, fotografias que se tiram, as bandeiras que esvoaçam no Castelo, todas as sensações de Sol e Tejo,
ficando a Cidade imersa num sentimento orgânico.

Numa pintura de Deborah Chock está escrito o seguinte: “rompre le silence ou le mantenir s’il est musical”...