O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 3 de abril de 2008

Sabes, às vezes queria

Sabes, às vezes queria
Que fosse sempre noite
"Porquê?". Porque de dia
Não tenho onde me acoite.

Não tenho onde me acoite
Sinto-me desprotegida
Que fosse sempre noite
A minha única amiga.

A minha única amiga
Sem ela não posso viver
Sinto-me desprotegida
Em constante morrer.

Em constante morrer
Será para sempre assim?
Sem ela não posso viver
A vida que não mais tem fim.

2 comentários:

Paulo Borges disse...

"Sabes, às vezes queria
[...]
A vida que não mais tem fim"

Isabel Santiago disse...

Eu também: "A vida que não mais tem fim".
Que ideia mais bonita, Nuno! Espero que me deixes levar esta ideia para uma aula sobre o sentido da existência...prometo contar-te as reacções mais bonitas. Posso então levar a ideia?
Nota: Deixarei o teu nome, garantidamente na afirmação.