O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

navegação matutina




A harpa do silêncio dedilhada pelo vento

O esquecimento lavrado p'la espera

É sem regresso o que nunca partiu

Austera ânsia de em cada momento


Não ter nada mais que a esperança sincera

Do mundo se tornar mar e navio.

E inventar viagens nas ruas caladas

Fazer chegadas nas praças sombrias,


Ilhas de espanto na desolação

Das vidas mais firmes e sossegadas,

Na dormência da passagem dos dias


Recusar a paz e a continuação

Aportar em todas as madrugadas

E ter como rota a perdição.

9 comentários:

Anónimo disse...

"Ter como rota a perdição" é o que todos fazemos ao nascer.

Anónimo disse...

Sim, ao nascer em pecado e permanecer sem baptismo ou com baptismo mas sem viver em Deus...

Paulo Borges disse...

Já ouviu falar do pecado de Deus, do crime da criação? Já leu Pascoaes? E não o digo por concordar com ele, apenas o estudei, mas ajudava-a a desassossegar-se do seu dogmatismo...

Anónimo disse...

Do pecado de Deus falam os gnósticos como você, que com saudades do absoluto não conseguem apreciar o divino dom da vida terrena e temporal... Faço minhas muitas das palavras do "sobrevivente do acidente" no post da "saudades do futuro". Este blog está um misto de new age, heresia e vaidade. Mas tudo isto é pó e em pó se vai tornar, por mais incriados que se julguem. Rezo pela sua e pela vossa alma.

Anónimo disse...

... agora e na hora da vossa morte. Amen.

Paulo Borges disse...

Cara amiga, não me deve ter lido ou entendido bem: a saudade do absoluto é o absoluto em nós e é isso que ilumina as entranhas da vida terrena e temporal, ressuscitando-nos em vida e não após a morte, como a sua igreja, trocando a experiência de Deus pela teologia, faz ilusoriamente crer. Ressuscite, amiga!

Anónimo disse...

Ai, Credo! Que blasfémia, aqui vai neste blogue, que Deus Nosso Senhor nos valha...

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amén

Anónimo disse...

Gosto destes diálogos: um budista com uma cristã. Interessante. Continuem...

Anónimo disse...

Que diriam Buda e Cristo um ao outro?