O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


domingo, 18 de janeiro de 2009

E ainda um comentário ao post anterior, que vale por si...

Publico um comentário ao post anterior, de Petrus, lido também no mesmo blog:

A invenção de aparelhos sem fio, por Jagadis Chandra Bose, foi anterior à de Marconi. Bose foi o primeiro a inventar um coesor sem fio e um instrumento para indicar a refração das ondas elétricas. Mas o inventor indiano não explorou comercialmente suas invenções. sua atenção logo se desviou do mundo inorganico para o organico. Suas revolucionarias descobertas sobre a fisiologia das plantas estão ultrapassando até mesmo suas radicais realizações como físico. No dia seguinte fiz uma visita ao sábio em sua casa, que ficava próxima da minha.

....Regressei recentemente de uma visita as sociedades científicas ocidentais, disse Bose. Seus membros manifestaram intenso interesse nos delicados instrumentos de minha invenção, que demonstram a unidade indivisivel de toda vida. O crescógrafo Bose permite ampliar dez milhões de vezes. O microscópio aumenta apenas alguns milhares de vezes, apesar disso, deu impulso vital a ciencia biológica. O crescógrafo desvenda incalculaveis horizontes.

....Estudei em Cambridge. Admirável é o método ocidental de submeter toda teoria à escrupulosa verificação experimental. Tenho aliado sempre o procedimento empírico ao dom da introspecção, que é a minha herança oriental. Juntos, os dois processos me permitiram sondar os silencios dos reinos da natureza, incomunicaveis há longo tempo. Os reveladores gráficos de meu crescógrafo são provas, aos olhos mais céticos, de que as plantas possuem um sistema nervoso sensivel e uma vida emocional variada. Amor, ódio, alegria, medo, prazer, dor, excitabilidade, esturpor e inúmeras outras reações a estímulos são tão universais nas plantas como nos animais.

....O singular palpitar da vida em toda a criação poderia parecer uma imagem poética antes de sua descoberta, professor! Conhecí um santo que jamais arrancava um flôr. " Deveria ofender sua dignidade com meu rude gesto de despi-la?"

As palavras de compaixão do santo são literalmente comprovadas pelas descobertas que o senhor fez.
....Afirmou Yogananda.

....O poeta é um íntimo da verdade, enquanto o cientista se aproxima dela desajeitadamente.

Um dia, venha ao meu laboratório e veja o inequívoco testemunho do crescógrafo.

Quando o Instituto Bose foi inaugurado, compareci a solenidade.

Seguem trechos do discurso de abertura pelo cientista Bose.

No decorrer de minhas pesquisas, fui inconscientemente levado às fronteriras da física e da fisiologia. Para meu espanto, descobrí que as linhas limítrofes se desvaneciam, e que pontos de contato emergiam entre os reinos do vivo e do não vivo.

A matéria inorganica foi percebida como algo não inerte, vibrava intensamente sob a ação de forças numerosas.

Uma reação universal parecia colocar o metal, o vegetal e o animal sob a mesma lei. Todos exibiam essencialmente os mesmos fenômenos de fadiga e depressão, com possibilidades de recuperação e de estímulo, bem como permanente falta de reação associada à morte.

Cheio de assombro diante desta fantástica generalização, foi com grandes esperanças que anunciei minhas descobertas para o Royal Society - descobertas demonstradas através de experiencias.

Os fisiologistas presentes, porém me aconselharam a limitar minhas pesquisas ao campo da física, onde reconheciam meu sucesso, em vez de invadir os seus reinos estanques. Sem querer, eu me extraviara nos dominios de um desconhecido sistema de castas, ofendendo a sua etiquêta.

Um inconsciente preconceito teológico apresentou-se tambem: o que confunde ignorancia com fé.

Frequentemente esquecemos que Aquele que nos cercou com o mistério da criação, sempre em evolução, deu-nos tambem o desejo de questionar e de entender.

Incompreendido pelos outros durante muitos anos, finalmente entendí que a vida de um devoto da ciencia está inevitavelmenbte repleta de esforços interminaveis.

Cabe a ele lançar sua vida em ardente oferenda--encarando perda e ganho, sucesso e fracasso, como a mesma coisa.

Com o tempo as principais sociedades cintíficas do mundo aceitaram minhas teorias e descobertas, reconhecendo a importancia da contribuição indiana à ciencia.

O trabalho já realizado pelo laboratório Bose sobre a reação da matéria e sobre as inesperadas revelações da vida vegetal, descortinou vastas áreas de pesquisa na física, na fisiologia, na medicina, na agricultura, e até na psicologia.

Problemas até então encarados como insolúveis são agora trazidos à esfera da investigação experimental.

Foram comprovados através do teste do crescógrafo,o delicadíssimo sistema circulatório que conduz a seiva pelas plantas.

A vida mineral registrada através de impulsos amplificados e projetados numa tela mostraram que os metais manifestam várias reações.

Os instrumentos Bose demonstraram que metais como o aço, usados em tesouras e maquinaria, estão sujeitos à fadiga e recuperam a eficiencia após pausas periódicas.

A pulsação da vida nos metais sofre danos sérios, e pode até ser extinta, quando se emprega correntes elétricas ou pressão muito forte.


Trechos extraídos do livro Autobiografia de um Yogue, de Paramhansa Yogananda.

1 comentário:

Ilona Bastos disse...

Venho aqui ter quando pesquiso sobre o crescógrafo de Bose, que pela primeira vez encontro mencionado, precisamente neste livro que agora leio: " Autobiografia de um Iogue". E eis que fico presa pela poesia e pela magia deste espantoso blogue. Muitos parabéns!