O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


sábado, 10 de janeiro de 2009

Impermanência



Um manto branco percorre a paisagem que os teus olhos contemplam. O frio também te envolve na brisa, que te beija, arrepia-te a pele, estremece-te, e adormece-te. Estranha sensação... como se o redespertar para a vida fosse readormecimento do ser em letargia de sentidos, e percepções, em tua razão. Razão? Ou essência, coração? Perdes-te num labirinto de inquietações que te fazem tudo, e nada, absoluta impermanência de ti.

8 comentários:

Paulo Borges disse...

Amo o inverno como o afago que passa pelas coisas e as lustra da promessa de que tudo cessará.

rmf disse...

Olhavam em redor; halos de Sol, ávidos de luz.
Portas abertas à imagem plena.
Espelho da lua à franja das marés.
Orbe tricolor, verde-cinza-marrom;
entre o fundo e o céu, celeste, cristalino.

Da continuidade de um olhar, à midríase do impossível

guvidu disse...

obrigada Paulo, eu considero que de facto a "hibernação anímica e espiritual" é essencial para a nossa evolução/amadurecimento de ser(mos). :)

Vergílio, gostei mt do teu poema.
Pk o colocaste aqui? Já o tinhas feito ou foi inspirado neste? :)

votos de um dia feliz

Anónimo disse...

Agradeço a imagem e o texto que o acompanha. Ando naquela fase em que me acompanha uma ideia que promanando de um filósofo reencontro na paisagem e nesta que deixaste rambém; semear na neve. Agradeço muito este horizonte puro e para além do poder humano, como o da palavra mais bela que nos visita mas nunca nos pertence. Um sorriso.

Anónimo disse...

A imagem da Fragmentus lembra-me aqueles desenhos animados que via avidamente na infância, com gnomos a caminhar pelos caminhos cheios de neve das suas terras. Que completude saudosa tínhamos ao assistir a tão bonitos desenhos. Era a possibilidade de mundos belos e paradísiacos com as suas aventuras cândidas perante os nossos olhos?

guvidu disse...

Isabel e Tamborim, obrgda pela vossa presença neste pedaço de neve :)

Essa imagem é de facto bonita e acho q adequada às palavras, no entanto, foi escolhida pela minha irmã de alma.Obrgda Fanny!

Olhando para ela (imagem), tb me ocorre o imaginário dos elfos e afins e faz-me sorrir pk, de facto, é mágico qdo nos permitimos tocar pela fantasia, ainda q a tristeza nos possa, em dado momento, assolar...

votos de uma boa noite!

Anónimo disse...

Inverno
glaciar e alva graça do Inferno

guvidu disse...

podes explicar, "à queima-roupa"?
eu parcialmente concordo q Inverno é sinónimo de Inferno, até nos pode remeter para a concepção grega de Inferno = Hades (local gélido). é por aí?