O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Caos

A música é de Vangelis e chama-se Heaven and Hell. Para mim, é uma representação do caos. Agradeço ao autor: gedeon.

6 comentários:

Anónimo disse...

Também tu vens com a força da música e com a poesia, também tu és flor que percorre os caminhos da serpente! Bem-hajas e sempre fiques...sopres na manifesta força dos ventos bons.

Laura disse...

Ventos do Bem,
Obrigada pelo carinho.

Luiz Pires dos Reys disse...

Madalena, Vangelis é quase sempre (atrevo-me ao eventual exagero) inspirador do que de melhor há e haja em nós. Este vídeo não foi um das excepções.

Vejo ali, sim, a imprevisibilidade caótica, mas vejo também o jogo pulsional ad intra da chamada Vesica Piscis, arquétipo geométrico sagrado que representa a dualidade (ainda) harmoniosa e involuída, estruturante de tudo quanto "depois" se faz tessitura estruturada e evolutiva do cosmos do(s) universo(s).

Espaço e tempo estão aqui como que indivisos, unidos numa relação que será paradigma de toda a tensão "posterior" entre correlatos.

Quanto a isto têm ainda muito a dizer-nos Empédocles e Anaxágoras: naquele, com o "Amor" e o "Ódio" em tensão por toda a parte, bem como a mistura e dissociação que mutuamente os activa, reacciona e sinergiza; neste, com a noção algo precursora da visão "holónica" das coisas, actualissíma, a de que em tudo há uma parcela de tudo, e que o todo é "mais" que a mera "soma" das partes.

Foi, pois, todo este jogo primordial de coisas, entre outras porventura mais dificilmente partilháveis, que me assomou ao espírito, cara Madalena.

Gratíssimo, pois, por esta convocação do quiçá também serpentino Vangelis.
Abraço!
(Claro que é serpentina, se não aqui não estaria, agora e deste modo!)

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

O que eu vi, quando li, ou o que li, quando vi:

Não toques nunca a minha pele
Volteia em meu redor
como asas de pura energia,
Partículas de uma dança cósmica
Que me envolve de luz
Evolada pomba a mim sobrevoando.

Esta a música que aqui oiço
Vai alta e se apaga no frio do espaço
No imo do dia,Ñão toques, expande
Em meu sorriso a luz que me visita
Estrela será, pois brilho nela vejo
Vejo-me estrela e acabei de brilhar.


Um abraço, Madalena

Laura disse...

Mas o Caos é isso mesmo, dualidade e tensão e só quando essa dualidade e tensão encontram o equilíbrio é que o Caos se organiza e gera vida. Já leram o Caos, de James Gleick? Imperdível. E sim, até lá, até ao equilíbrio, "não toques a minha pele".