O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O que será?

Numa loja de roupa em saldos experimentei um casaco em cujos bolsos pus as mãos. Num dos bolsos estavam uns documentos: um cartão de farmácia, um cartão de crédito e um papel saído duma caixa multibanco que dizia: "Captura de cartão. Por segurança retemos o cartão. Consulte o seu banco".

O que terá sido feito?

Hipóteses para ir a votos na caixa de comentários:

a) A portadora do cartão pôs, por distracção, no bolso do casaco ao experimentá-lo os papéis que trazia na mão, que ia ali num instante à rua levantar dinheiro e/ou comprar qualquer coisa à farmácia, sendo que o papel que informava acerca de cartão retido dizia respeito a outro cartão que não aquele pois se aquele não estava retido. Ou então era aquele que esteve retido e já não estava porque a senhora consultou o banco para recuperá-lo.

b) Alguém encontrou perdidos aqueles cartões e resolveu pô-los num bolso de casaco à venda para, além de outras coisas, causar surpresa a quem lá metesse a mão.

c) Alguém roubou ou encontrou os cartões e tentou utilizar o cartão de crédito mas não resultou. Então, para se livrar de provas de uso de cartão doutrem, pô-lo, porque não?, num bolso de casaco sem dono.

d) Alguém da loja resolveu fazer um estudo de comportamentos com câmaras a filmar pondo dentro dum bolso um cartão já não funcional de modo a observar as reacções das pessoas se o encontrassem.

e) Outras que me escapam.

Claro que fiquei com os cartões.

Que deverei fazer doravante?

1) Ir a uma máquina multibanco e inserir o cartão que provavelmente ficará retido enquanto me filmam e consequentemente me identificam como roubadora ou apropriadora do cartão que não tem o meu nome e, para evitar que isso não aconteça, ir disfarçada, nada de espalhafatoso para não dar nas vistas.

2) Fazer, tentar fazer uma compra - como não é preciso marcar código de cartão - e, no caso de ausência de crédito, dizer "Ah, espere lá, pago com dinheiro".

3) Mandar uma carta para a morada que consta do cartão da farmácia - a única morada que consta dos papéis -, carta contendo o cartão e referindo eventuais outras coisas mais que talvez não interessem nem à ex-proprietária do cartão; carta que serviria para fazer circular o cartão tipo message in a bottle e criar um apartado meu para me responderem.

4) Deixar o cartão noutro bolso, agora dumas calças por vender, e desconhecer o destino do cartão; pensar que talvez seja este o propósito de quem o pôs no outro bolso e quem sabe se noutros bolsos à venda antes já esteve.

Espero vossas respostas, obrigada.

10 comentários:

Anónimo disse...

(Detective "Saudades")

Cara Rita,em primeiro lugar saúdo a seu raciocínio expeculativo e o seu humor.

Cá vai:
Assinlo uma discrepância na alínea e) Era um cartão e outros documentos, e não "os cartões" que a Rita decide subtrair ou aceitar que tivessem ido parar a suas mãos.

Agora, eu diria que alguém distraído como eu os teria deixado no bolso. Mas, se fosse eu, teriam ficado ainda: pastilhas elásticas, um elástico para prender o cabelo (sem cabelos, que eu também não sou maluca...ADN e tal...); um corta-unhas... no outro bolso, teriam ficado ainda, se coubessem, os óculos, o telemóvel...

Não. Escolho que tendo eu ficado com as minhas coisas e o cartão se ter perdido, porque o tinha eu...

De nada aproveitou a situação...

Um abraço. Gostei imenso deste "espevitamentes".

Estava capaz de tentar outra vez a sorte... Vou aos saldos e depois digo-te...

Unknown disse...

Caros bimbos,

eXpeculativo é o quê?

1) uma maneira subversiva de se escrever eSpeculativo, porque assim soa mais filosófico.

2) um mero erro ortográfico.

Anónimo disse...

...É muito mais...filossóficoexpecular...Foi mesmo só um engano... lapsosgrata...

P.S. Já tinha dito que era distraída, agora também erro muito...são fases...
Diria que, se não me levar a mal, a menina é "rija!"

Um abraço, VenusinFurs

Unknown disse...

opá, amei. é super ser-se rijo, não consideras?

estou mais descansada. antes erros ortográficos que pretensões filosóficas, mil vezes!

um abraço e uma beijoca.

Anónimo disse...

Vénus...

"opá" um abraço chegava...
"não consideras"? "curto bués" falar assim, "topas"?

De facto, deixe-me dizer-lhe que não gosto nada desse tipo de linguagem, mesmo sendo máscara construída ou inclinação pessoal, ou gosto, aflige-me um pouco. Também me aflige (até por defeito de profissão a má ortografia, mas... "no melhor pano cai a nódoa"... Devo dizer isto para ser honesta comigo e me sentir melhor...

Fazemos assim: eu evito enganar-me ou errar e a menina procura libertar-se dessa linguagem "bué curtida" pelo menos quando fala comigo. Agradeço.

Assim fica melhor.

Um abraço.

Luiz Pires dos Reys disse...

Ai, Rita, isso é pior que a Integral de Riemann!!

Espere aí, que eu vou chamar a Judite, uma amiga que já não vejo há muito tempo...

Talvez ela possa ajudá-la a deslindar esse lama, perdão, esse lema, perdão, esse dilema...

Luiz Pires dos Reys disse...

Ah, outra sugestão para o mentor deste blogue: Criar-se uma agência de detectives, para resolver charadas , destas e quejandas.
Até me ocorreu um nome e tudo (vejam o que acham!):

Esteves & Borges - Agência de Charadas, Cachimbadas e Blogadas, Sociedade de Anónimos, Lda.

Esteves, obviamente em homenagem ao da Tabacaria do Pessoa, e não só...

Borges, claro, para dar mais que fazer ao mentor deste inenarrável blogue...

P.S. isto, entretanto, também podia servir para decifrar a língua " bué de bueza" de certa venusiana vez e meia desconchavada.

P.S.
Para a venusiana.
Menina, se me levar a sério, ver-me-ei obrigado a levá-la a brincar!

Unknown disse...

Eu amo loucamente, por isso lamento. Lamento bués, a sério, porque és muito fofa.

Devias experimentar, não consideras? Libertar-te um pouco aí do que te aflige. Essa linguagem aflige-te porque é diferente de ti. Por que razão a consideras diferente? Ou até mesmo inferior? Não faz qualquer sentido, meu doce. Se é linguagem, é linguagem. Se não a utilizas com gosto, outros o farão. De maneiras que, meu docinho, eu dirigi-me a ti desta forma, porque curto, topas? Se o consideraste ofensivo, considerarás então ofensivo tudo aquilo que não és tu. Mas já agora, tu o que és? Ou quem és? Assim já curtes mais? Um bocadinho de especulação filosófica inútil?

E termino aqui com uma citação:

"QUE FIQUE ESCRITO QUE TENHO UM PÓ DO PIORIO AO PESSOAL QUE NÃO CURTE "CURTIR" E QUE NÃO LEVA NA BOA "LEVAR NA BOA"

ah, nao mentira, ainda nao terminei. queria aqui dizer que curto bue falar com voces, fazem-me rir loucamente. mas por falta de tempo agora fico-me por aqui. voces sao UMA DELICIA.

Anónimo disse...

Ó menina, você é sempre assim tão mal dispostinha? Olhe, veja se aprende alguma coisinha com esses dois rapazinhos que a acompanham... tão jeitosinhos que eles são, ai queridinha que até eu os virava para outro lado...

Unknown disse...

os gays têm direito a sê-lo. não creio que os virasses amiga, a menos que tenhas um pénis, ou que sejas uma gaja muita boua, que as vezes os gays também dão para aí.

eu não sou mal disposta, lamento. sou um doce.