O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


segunda-feira, 9 de março de 2009

Dois poemas sobre FOGO


1


Seduz-me a luz
Das áscuas
O fumo
A flor das tuas brasas

Não é por acaso
Que chamamos fogos
Aos espaços
Que habitamos

A que também chamamos
Casas

2

LUME

Companheiro
Irmão
Amigo

Sem o teu calor
Sem a tua luz

Sem o teu fulgor
Sem o teu fumo

Sabe lume:
Ardo anónimo
contigo

11 comentários:

Anónimo disse...

Platero,

Chamamos Fogo e Lume e Lar às Casas que habitamos e às vezes também lhes chanamos Castelos e "Castelos de lume" ao corpo que habita as casas. Mas nada me parece mais belo do que chamar amigo ao lume e arder anónimo com ele: Lindo, como sempre, a frescura
aconchegante de sermos "vizinhos" neste mundo: humanos, portanto.

Uma abraço apertado, meu amigo!
Um beijo de Saudades.

Anónimo disse...

...chamamos, claro, não "chanamos", que ainda é cedo e... acabámos de jantar... (desculpem, risos)

Pois sejamos anónimos "ardentes"... Bom!... sejamos benevolentes com os "emes" candentes e os "enes" sobrantes...
e emergentes...

Um outro, Platero.

luizaDunas disse...

Ai Platero,
A nossa Casa é o nosso Foco, numa ardência saudosa e encoberta.

platero disse...

tinha saudades deste espaço
deste fogo
desta casa que tomei de assalto
e passou a ser também um pouco minha

embora por vezes me ausente
como que por vergonha
de me ver
morando num palácio.

beijos a Saudades e Luiza
abraços como o Sol
- a todos

Anónimo disse...

Cuidado não queimes as meninas!...

Paulo Borges disse...

Como este lume alumia!

Abraço e não fiques tanto tempo sem aparecer

platero disse...

um abraço ao Paulo
com votos de que não esmoreça na pesada tarefa que um dia sentiu necessidade de empreender

fas disse...

Os antigos romanos e latinos guardavam dentro de casa o fogo do Lar, do espírito do antepassado fundador, patriarca antigo da família. Creio que é por isso que se chama fogos às casas, mas não tenho a certeza.
Abraço, mano. Bons poemas, estes.

platero disse...

soantes

obrigado como amigo
espero não me esqueças como crítico

abraço

Marcilio Medeiros disse...

Platero,
belos poemas.
um abraço

platero disse...

Marcílio

grato pelo comentário. se gostas dos poemas - também eles serão teus.
Essa é a minha relação com as coisas de que gosto. Sejam elas um poema, um desenho, um trecho musical.
Ou mesmo uma bonita manhã de Primavera

abraço grande