O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 5 de maio de 2009

"No meu nascimento (eterno)..."

“No meu nascimento (eterno) nasceram todas as coisas e eu fui a causa primeira de mim mesmo e de todas as coisas; e, houvesse eu querido, nem eu seria nem todas as coisas seriam; mas, se eu não fosse, então também “Deus” não seria; que Deus seja “Deus”, disso sou eu a causa primeira; se eu não fosse, então Deus não seria “Deus”” – Mestre Eckhart, Beati pauperes spiritu…

12 comentários:

Paulo Borges disse...

No vir a ser do observador vem a ser todo o observável...

Carlos Raposo: disse...

Olá!

Seu blog é muito interessante.
Abraços.

Carlos Raposo
htto://orobas.blogspot.com

Ricardo Pina disse...

A questão:nunca saberemos a razão para o existir, nem Einstein, nem Darwin.Somos algo, a luz é?, os matemáticos dizem que não, se a luz não é, nós não somos, Deus não é.

Anónimo disse...

E não ser pode ser ser plenamente.

Anónimo disse...

Caro Ricardo Pina,

Tem de haver uma razão para existirmos? Será a razão capaz de de-terminar a existência? Será a existência de-terminada? Será que ex-istimos realmente?

E tem de haver uma razão para não existirmos? Será a razão capaz de de-terminar a não-existência? Será a não-existência de-terminada? Será que não existimos realmente?

E se a razão provar que existimos? E se a razão provar que não existimos? O que fazemos? Optamos pela hipótese eternalista ou pela hipótese niilista? Será que podemos optar pelas duas?? Creio que a lógica matemática não o permite... Aristóteles não o permitiria, não é? Ser ou não ser, eis a questão... Ou ser e não ser... Ou nem ser e nem não ser...

Será que somos algo? Somos uma luz? Eu não vejo nenhuma luz... Que luz é essa? Onde está? Donde vem? Como poderei eu ver essa luz e ser algo se falecer daqui a cinco minutos? Ou mesmo daqui a um segundo... Como poderei ser eu uma forma, se essa mesma forma é vazia, impermanente, oca de existência intrínseca uma vez que não é perene, imortal, permanente?
Mas... Afinal nós não somos? Mas eu estou aqui e agora... Afinal passou-se um segundo e ainda me encontro a respirar... A ler o seu comentário... Aqui e agora... Como poderei ser eu vazio, se esse mesmo vazio é ocupado por uma forma, por um corpo, por pensamentos, emoções, ...
Creio que nunca poderemos saber a razão para o existir. Todavia creio que podemos saboreá-la... Sobretudo quando estas crenças deixarem de o ser.
Grato pelo des-aprender que me proporcionou.

Anónimo disse...

Eis-me! E tudo é. Ilusoriamente.

Anónimo disse...

A nossa existência é a prova de que a vida não existe, não conseguimos determinar nem a forma nem o conteudo do que concebemos como vida. Somos o exterior de algo que pensamos mas a que não acedemos, porque é uma não existência nossa e da vida.

Pedro Nuno disse...

Sim, mas a não determinação do que é a vida e a existência não quer dizer que sejam iguais a nada...

Observando disse...

"Eis-me! E tudo é. Ilusoriamente."
Às 0:00 horas! Curioso, não é? Foi propositado?

Anónimo disse...

Por acaso não...

Anónimo disse...

Pois, mas quer dizer que estamos no exterior, não compreendemos e por mais que queiramos sentir só nos apercebemos de uma incomensurável tristeza a que chamamos saudades

Não digo quem sou disse...

Desculpa, mas eu não me sinto no exterior nem determinado, não me sinto isto ou aquilo nem nada... E não sinto saudade alguma.